LeropqQuero 2005 - O triste fim de Paulo Scott
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PAULO SCOTT





O TRISTE FIM DE PAULO SCOTT

por

Paulo Scott – narrador
Cecilia Cassal – Carla
Daniela Langer – Beatriz
Luana Silva da Cruz – Joana
Viviane Juguero – Lúcia

Há três anos não se encontravam, suas divergências não lhes deixaram outro caminho senão o afastamento. Por isso, estranharam quando Lúcia, a caçula, ligou cedo a todas, naquela manhã de sábado, implorando a reunião.

Lúcia: Preciso de vocês.

Carla: Alguma de vocês sabe o que a Lúcia está querendo, desta vez?

Joana: O que está acontecendo?

Beatriz: Ai, meu deus... O que tu aprontou?

Carla: Sempre a Lúcia. Quando apronta alguma, vem logo com esta vozinha... "preciso de vocês", como se a gente já não soubesse.

Lúcia: É difícil de dizer... Vocês se lembram quando papai nos pedia pra ficarmos um pouquinho na despensa depois do jantar?

Joana: Sim!

Lúcia: No escuro, ouvíamos aquele ar ofegante e percebíamos seus olhos, como duas lunetas ameaçadoras.

Carla: (tamborilando na mesa...).

Joana: Fala o que houve, Lúcia! Vamos te ajudar, não te repreender!

Lúcia: Não havia espaço pra questionarmos os pedidos da autoridade paterna...

Carla: Era sempre como papai dizia. Mas pai sempre sabe. Sem-pre-sa-be!

Beatriz: Lúcia, deixa de drama... São nove horas da manhã, eu fui dormir as seis e meia! Quero voltar pra casa.

Lúcia: Pois é, Bia. Talvez pra ti não seja um drama. Tuas recordações não são tão duras.

Beatriz: São as mesmas que as tuas, Lúcia... Eu só não ficava tanto tempo dentro de casa... Alguém tem fogo, hein?

Joana: Parem de brigar! Isso não ajuda ninguém!

Beatriz: Jô, eu não quero brigar... Mas peloamordedeus! Diz pra tua irmã falar logo o que aconteceu.

Lúcia: A questão é que não aconteceu.

Joana: A irmã também é tua, Bia!

Lúcia: A convivência naquele lar sempre foi um peso pra nós.

Carla: Tááá, Lúciaaaa... Vamos aos fatos: papai te chamou naquele dia para falar aquilo que todas já intuíamos, de alguma forma.

Lúcia: A verdade é que me casei pra sair daquele lugar... Eu pensava que o fato de Paulo ser um homem bonito e bem sucedido me faria feliz

Joana: Onde tu quer chegar?

Lúcia: Pelo amor de Deus! Não se façam de loucas. Será que sou só eu me lembro?

Joana: Tu e o Paulo estão com problemas?

Carla: Lálálá... Paulo. Eu sempre soube que nem era tudo aquilo. Lembro de umas coisas que falavam, uns olhares que ele desviava feito pombo disfarçando na praça para comer migalha escondido.

Lúcia: Tudo o que eu sonhava não se concretizou.

Carla: Que que foi, guria? Na hora do vamo vê, ele tava de calcinha?

Joana: Pára com isso!

Beatriz: A Carla tem razão... O Paulo sempre teve esse jeito de sem-vergonha, só tu não via...

Lúcia: Quando o Paulo chega perto de mim, ofegante, volto a ser uma menina assustada e não consigo. E, então, ele começa a me lembrar dos meus deveres de esposa, exigir que eu cumprisse minhas obrigações.

Beatriz: Tá, Lúcia. Eu fico muito chateada por tudo isso, só que não consigo entender porque estou aqui e não dormindo, hein?

Joana: Ele te forçou a alguma coisa, mana?

Lúcia: Ele me forçou a tudo no início, depois eu...

Carla: Mas tem uma coisa que eu nunca consegui saber: se ele era um safado que escondia outras mulheres ou outros homens... sacumé, né, mana: cão que ladra tanto assim, às vezes leva é mordida...

Beatriz: Hahahahahhahaha!

Joana: Parem com isso! Conta, Lúcia!

Lúcia: Pode ir dormir, Bia. Com tua personalidade talvez não consigas suportar as coisas que tenho a dizer e as cenas que vais poder imaginar.

Beatriz: Desculpem, mas eu ainda to no embalo da festa... Fala, Lú, o que o cachorro andou fazendo?

Lúcia: Eu não queria ele e então, consegui aliciar meninas para suprirem seus desejos.

Carla: Ah, não. Ahhhh, nããooo! NÃO ME DIZ! FILHO DE UMA GRÃ PUTA!

Joana: Não acredito...

Beatriz: Lúúcia...Tá louca? Isso é crime! Porque esse casamento dura há tanto tempo?

Lúcia: Só que quanto mais meninas ele conhecia, mais desejava a MIM! Ele queria que eu entrasse na festa.

Carla: Mas...

Lúcia: Desculpe, eu não sei se devia estar contando isso pra vocês... Mas só minhas maninhas podem entender o histórico que me levou a fazer isso.

Joana: Claro que devia contar! E há mais tempo...

Carla: Sim. Devia. Ele chegou a te forçar, alguma vez? Violência? Que tipo de coisas ele usou para te convencer?

Joana: CANALHA!

Lúcia: A situação começou a ficar difícil...

Beatriz: Mais?

Carla: Quem me dá um cigarro?...

Beatriz: Tu voltou a fumar? Toma...

Lúcia: Eu comecei a ter nojo, verdadeiro asco de uma situação que, no início, admito, me causava certo prazer.

Carla: Ou uma bebida forte?... Ou um baseado?... A cobra vai fumar...

Joana: Prazer?

Lúcia: Um certo prazer sádico de sentir que o mundo estava me pagando uma dívida.

Carla: Brigado, Biaaa. Mãe já sabe disso, Lú?

Beatriz: Que mundo, Lúcia? Porque tu escolheu casar com um imbecil o mundo tem que pagar o que?

Lúcia: Ora, Carla. A mãe sempre soube de tudo e engoliu. Por que se preocuparia com isso agora?

Joana: E que história é essa de mundo pagar dívida?

Lúcia: Como eu conheci esse imbecil? Na loja do nosso pai! Puta merda! Vocês não conseguem ligar as coisas?

Beatriz: Não!

Joana: Continuo sem entender...

Lúcia: Talvez se aquele velho cretino não tivesse morrido de ataque cardíaco eu podia colocar o veneno no verme certo.

Carla: Sempre a velha história. Mães coniventes mantendo o status quo de esposas adequadas. E os filhos que se fodam! Mundo cão!

Beatriz: Eu consigo entender que tu está louca e que a mãe deve estar mais louca ainda! Depois eu que sou a ovelha negra, a esquentadinha...

Lúcia: Uma pausa. Tu ainda come uma caixa de chocolate toda a noite, Bia? Isso só pode estar te fazendo mal...

Carla: VENENO! Alguém falou em veneno? VE-NE-NO!

Beatriz: Ha ha ha. Não, eu trepo, querida...

Lúcia: Claro, Carlinha... veneno

Joana: Dizem que a gente escolhe homem à imagem do pai... é isso, Lu?

Lúcia: Trepa? Com quem?

Beatriz: Desde quando tu te interessa pela minha vida sexual?

Carla: De que tipo, meu Deus? Ri-do-rato? Mata-barata? Um bom jagunço desses que a gente importa alguém sabe de onde?

Lúcia: Só que eu não aturo mais esse cara. Até o nome dele me dá nojo. Vocês acham que alguém decente pode se chamar Paulo?

Joana: Acho que a Carla conhece alguns venenos...

Lúcia: Paulo Scott, ainda por cima?

Joana: Será que resolve?

Carla: Trepar, trepar, trepar... Eu quero mais é foder com ele... Isso agora é prazer. Quem me acompanha?

Lúcia: Com o Paulo, Carlinha? Tu queres o meu marido?

Carla: Sim. Foder com ele. Quero. Posso?

Lúcia: Pois bem... talvez seja uma boa idéia.

Joana: Tu é louca!

Lúcia: Nos quatro, meu marido... Como nos velhos tempos, não é?

Joana: Só se for pra acabar com a raça dele!

Beatriz: Vocês estão loucas... Eu ainda não consegui entender pra que essa conversa, a essa hora da manhã...Lúcia, tu resolveu te separar do cretino, é isso?

Joana: Ou não?

Carla: Quando é mesmo, Lúcia, aquela noite, em que vais para o ensaio do grupo de teatro? Ainda fazes?

Lúcia: Teatro, Carla? Boa idéia. Podemos escrever essa peça antes de representá-la.

Carla: Vou aparecer por lá neste dia. Sei uns truques...

Lúcia: A questão é que o Paulo se deu bem na vida.

Joana: E...

Lúcia: Começou na loja do pai e foi subindo. Tem muita, muita grana...

Beatriz: Boa, Jô...E...?

Lúcia: Ou seja, tudo o que ele tem veio de nossa família.

Carla: Meninas, vocês acham que eu ainda seduzo alguém como o Paulo filha da puta Scott?

Lúcia: Eu não quero me separar dele e sentir que ainda tem gente ganhando alguma coisa que é minha! É nossa! O que ele tem é nosso. Ele é nosso.

Joana: Tu fica com a grana, Lu...

Carla: Só me diga, Lu. Você acha que o safado toparia alguma coisa comigo?

Joana: Ele topa com qualquer uma de nós! À imagem do pai, lembra?

Beatriz: Tu não te casou com separação total de bens? Te separa, fica com a grana, a Joana liga agora para o Dr. Anselmo, pede a papelada e nós vamos dormir... O que vocês acham?

Lúcia: Ai, Biazinha, tansinha da Silva.

Carla: Heiiiii!! Por favor, alguma de vocês, locas por dinheiro, pode me ouvir, só um cadinho?

Joana: Fala, Carlinha!

Lúcia: As coisas que ele conseguiu com o trabalho com as lojas são dele, legalmente.

Joana: Deixa a Carla falar!

Carla: Depois vocês me dizem qual vai ser a parte que eu vou usar para sair pelo mundo. Agora eu preciso de uns dias a sós. Lu, qual o prato preferido do teu marido?

Beatriz: Alô? Oi, amor...Sei lá, as loucas das minhas irmãs...Sim, eu já to indo pra casa... Querem resolver logo essa história, que eu só tenho mais quinze minutos?

Lúcia: O prato preferido dele sou Eu, meu bem. Vocês são muito devagar, mesmo.

Carla: “Amor, amor...” A Lu se fu com este cretino e a gente fazendo olho branco todo dia... CHEGA!

Lúcia: Vamos ao ponto. Marcamos um encontro com o Paulo.

Joana: Tu não tá pensando em...

Lúcia: Estou pensando sim

Carla: Não, Lu, fala sério. Comida. O que ele mais gosta? Preciso saber disso para resolver este problema...

Lúcia: Nós acabamos com ele... Acabamos com o papaizinho e vamos poder começar uma vida nova.

Joana: De novo, não, gurias! Te separa dele e pronto!

Lúcia: Talvez eu até encontre um verdadeiro amor...

Carla: Nada de marcar encontro. Precisa parecer casual. A Lu sai para o ensaio e eu apareço por lá... Vocês não sabem e não se envolvem com nada. NADA, entenderam? Nunca teremos tido este encontro, quando isso tudo se resolver.

Beatriz: Ai, não... Vocês me tiraram da cama pra começar de novo com essa história? A gente combinou que aquela seria a única...

Joana: Vai ser mais uma sombra a nos atormentar...

Lúcia: Bia... Vai dormir, meu amor. Desde o início eu sabia que esta história não era pra ti. A Carla e a Joana que insistiram.

Joana: Não vale a pena!

Carla: Somos cruéis porque o mundo quis assim... Porque nunca nos trataram com amor... Ai, que música übber-brega legal.

Beatriz: Joana, tu vai deixar que essas loucas façam isso?

Carla: Não há sombras. Nada de olhar para trás. Bia, vai dormir.

Joana: O que tu quer que eu faça?

Beatriz: Sei lá! Tu é a irmã mais velha, toma alguma providência!

Lúcia: Ok, darlings. Essa história não vai para lugar nenhum... Vocês não sentem o mesmo que eu. Vejo isso agora.

Carla: Joana, terás uma amnésia. Nunca mais lembrarás nada do passado. Depois daquele dinheiro todo...

Lúcia: Tutu marambá... Não venha mais cá. Que a mãe da criança te manda matar...

Carla: Matar? Que palavra mais feia, querida. Tão feia para a boca da nossa caçulinha...

Joana: Lú, nós somos muito diferentes. A única coisa que sempre vai nos unir é tudo que já passamos... Mas de novo, não! Tu lembra de tudo que vivemos...

Lúcia: Lembro talvez demais...

Joana: Não vale a pena! Pensa...

Lúcia: A apatia de vocês me convence de que a história que eu tenho na minha memória não é a mesma de vocês.

Carla: Lu, preciso ir, agora. Me liga, falando da noite. Tomarei providências, querida.

Lúcia: O que o Paluo tem a ver com tudo isso? NADA! Vocês tem razão.

Joana: Chega disso! Tu não sofreu sozinha, tá!

Beatriz: Não adianta Jô, a Lúcia sempre foi uma mula de teimosa... Colocou na cabeça, agora vai ser difícil...

Lúcia: Talvez ele seja um bom marido... Cuidem dele pra mim...

Joana: Só não quero que a gente se arrisque de novo!

Carla: Sim. Chega. Durmam, meninas, que o remorso é um velho decrépito que se esconde nos bueiros que nunca são limpos.

Joana: Pois é, Carla. E onde vamos parar?

Beatriz: Carla, tu tá louca prá entrar nessa historia, né?

Lúcia: Bye, babies...

Carla: Já estou nela, minha querida. Já estou. Agora, ninguém me convence do contrário. Todas sabemos demais das outras, não é mesmo? Não tentem me impedir.

Joana: Tu não sai sem me dizer o que vai fazer, Lúcia!

Beatriz: Peraí, vocês vão embora? Vão realmente levar esse circo adiante?

Carla: Ahn, vidro moído na comida? Quem falou nisso, alguma vez?

Joana: Nossa história é uma só...

Lúcia: Espero vocês às 23h, então.

Joana: Pensem bem...

Lúcia: Quem vem?

Joana: E se não temos a mesma sorte dessa vez?

Carla: Lu, não espera. Deixa as manas fora. Combinamos isso outra hora. Ou não...

Joana: Ninguém fica de fora de nada!

Beatriz: Putamerda...

Carla: Pode ser, Jô. Já que és tão boa na cozinha, tu preparas o quitute. Eu tempero...

Beatriz: Eu tenho um compromisso às onze e meia...Vocês acham que em meia hora...?

Joana: Eu sou contra isso!

Lúcia: É engraçado. Tanto barulho por nada...

Carla: Será uma noite memorável. Memorável, morrer aos poucos, como só aos melhores canalhas é permitido. Expurgar pecados... A dor é redentora...

Joana: Não tem outro jeito?

Carla: Não. Preciso ir. Práticas como somos, está resolvido.

Lúcia: Sem dramas, gurias. Todo mundo morre. Até mais tarde.

Joana: Só te separar não basta?

Beatriz: Chega, Jô... Não adianta, nada muito simples basta!

Joana: É isso mesmo que vocês querem?

Carla: Até mais ver, srta. Lucia, a mais nova viúva da cidade. Ciao, bambinas.

Beatriz: Eu venho, mas às onze e vinte to saindo... Até mais tarde.

Joana: Respondam! É isso?

Lúcia: Sim!!! Tchau!

Carla: SIIIMMMMM. É ISTO, JOANA. Venha conosco. Ou não venha e cale-se.

Joana: Não precisa trazer veneno, Carla!

Carla: Quem disse que levaria? Hein? Desde quando vidro moído é veneno?

Joana: Tudo bem... Não vamos gastar nosso tempo com isso... Nem com nada que dê trabalho.




VERSÃO ORIGINAL



[19:18] scott: Há três anos não se encontravam, suas divergências não lhes deixaram outro caminho senão o afastamento. Por isso, estranharam quando Lúcia, a caçula, ligou cedo a todas, naquela manhã de sábado, implorando a reunião.

[19:19] Lúcia: Preciso de vocês.

[19:19] Carla: Alguma de vocês sabe o que a Lúcia está querendo, desta vez?

[19:19] Joana: O que está acontecendo?

[19:20] Lúcia: É difícil de dizer... vocês se lembram quando papai nos pedia pra ficarmos um pouquinho na despensa depois do jantar?

[19:20] Carla: Sempre a Lúcia. Quando apronta alguma, vem logo com esta vozinha... " preciso de vocês", como se a gente já não soubesse.

[19:20] Joana: Sim!

[19:20] Beatriz: Ai, meu deus...o que tu aprontou?

[19:20] Lúcia: No escuro, ouvíamos aquele ar ofegante e percebíamos seus olhos, como duas lunetas ameaçadoras.

[19:21] Carla: (tamborilando na mesa... )

[19:21] Joana: Fala o que houve, Lúcia!

[19:21] Lúcia: Não havia espaço pra questionarmos os pedidos da autoridade paterna...

[19:21] Joana: Vamos te ajudar, não te repreender!

[19:21] Beatriz: lúcia, deixa de drama...são nove horas da manhã, eu fui dormir as seis e meia! quero voltar pra casa.

[19:22] Carla: Era sempre como papai dizia. Mas pai sempre sabe. Sem-pre-sa-be!

[19:22] Lúcia: E, então, a convivência naquele lar se,pre foi um peso pra nós.

[19:22] Lúcia: Pois é, Bia. Talvez pra ti não seja um drama. Tuas recordações não são tão duras.

[19:22] Joana: Onde tu quer chegar?

[19:23] Lúcia: A verdade é que me casei pra sair daquele lugar...

[19:23] Carla: Tááá´, Lúciaaaa. Vamos aos fatos: papai te chamou naquele dia para falar aquilo que todas já intuíamos, de alguma forma.

[19:23] Beatriz: são as mesmas que as tuas, lúcia...eu só não ficava tanto tempo dentro de casa...alguém tem fogo, eihm?

[19:23] Lúcia: Eu pensava que o fato de Paulo ser um homem bonito e bem sucedido me faria feliz

[19:24] Joana: Parem de brigar! Isso não ajuda ninguém!

[19:24] Lúcia: Pelo amor de Deus! Não se façam de loucas. Será que sou so eu que me lembro?

[19:24] Joana: T u e o Paulo estão com problemas?

[19:24] Beatriz: Jo, eu não quero brigar...mas peloamordedeus! diz prá tua irmã falar logo o que aconteceu.

[19:25] Lúcia: A questão é que não aconteceu.

[19:25] Carla: Lálálá... Paulo. Eu sempre soube que nem era tudo aquilo. Lembro de umas coisas que falavam, uns olhares que ele desviava feito pombo disfarçando na praça para comer migalha escondido.

[19:25] Joana: A ir~mã também é tua, Bia!

[19:25] Lúcia: Tudo o que eu sonhava não se concretizou.

[19:26] Carla: Quequifoi, guria? Na hora do vamovê, ele tava de calcinha?

[19:26] Joana: Pára com isso!

[19:26] Beatriz: A Carla tem razão...o Paulo sempre teve esse jeito de sem-vergonha, só tu não via...

[19:26] Lúcia: Quando o Paulo chega perto de mim, ofegante, volto a ser uma menina assustada e não consigo.

[19:26] Lúcia: E, então, ele começou a me lembrar dos meus deveres de esposa, exigir que eu cumprisse minhas obrigações

[19:27] Joana: Ele te forçou a alguma coisa, mana?

[19:27] Beatriz: Tá, Lúcia. Eu fico muito chateada por tudo isso, só que não consigo entender porque estou aqui e não dormindo, eihm?

[19:27] Lúcia: Ele me forçou a tudo no início, depois eu...

[19:27] Carla: Mas... tem uma coisa que eu nunca consegui saber: se ele era um safado que escondia outras mulheres ou outros homens... sacumé, né, irmã: cão que ladra tanto assim, às vezes leva é mordida...

[19:28] Joana: Parem com isso!

[19:28] Beatriz: ahahahahahhahaha

[19:28] Joana: Conta, Lúcia!

[19:28] Lúcia: Pode ir dormir, Bia. Com tua personalidade talvez não consigas suportar as coisas que tenho a dizer e as cenas que vais poder imaginar.

[19:29] Lúcia: No início ele só me queria...

[19:29] Carla: Ah, não. Ahhhh, nããooo. NÃO ME DIZ !!!

[19:29] Beatriz: desculpem, mas eu ainda to no embalo da festa...fala, Lú, o que o cachorro andou fazendo?

[19:29] Lúcia: Eu não queria ele e então, consegui aliciar meninas para suprirem seus desejos.

[19:29] Carla: FILHO DE UMA GRÃ PUTA !!!

[19:29] Joana: NÃO ACREDITO...

[19:30] Lúcia: Só que quanto mais meninas ele conhecia, mais desejava a MIM! Ele queria que eu entrasse na festa.

[19:30] Carla: Mas...

[19:30] Beatriz: Lúúcia...Tá louca? Isso é crime! Porque esse casamento dura a tanto tempo?

[19:30] Lúcia: Desculpem, eu não sei se devia estar contando isso pra vocês.

[19:30] Lúcia: Mas só minhas maninhas podem entender o histórico que me levou a fazer isso.

[19:31] Joana: Claro que devia contar! E há mais tempo...

[19:31] Carla: Sim. Devia. Ele chegou a te forçar, alguma vez? Violência? Que tipo de coisas ele usou para te convencer?

[19:31] Joana: CANALHA!!!

[19:31] Lúcia: A situação começou a ficar difícil...

[19:32] Beatriz: Mais??

[19:32] Carla: Quem me dá um cigarro?

[19:32] Beatriz: Tu voltou a fumar? Toma...

[19:33] Lúcia: Eu comecei a ter nojo, verdadeiro asco de uma situação que, no início, admito, me causava certo prazer

[19:33] Carla: Uma bebida forte, um baseado... a cobra vai fumar...

[19:33] Joana: Prazer?

[19:33] Lúcia: Um certo prazer sádico de sentir que o mundo estava me pagando uma dívida

[19:33] Carla: Brigado, Biaaa. Mãe já sabe disso, Lú?

[19:34] Beatriz: Que mundo, Lúcia? Porque tu escolheu casar com um imbecil o mundo tem que pagar o que?

[19:34] Lúcia: Ora, Carla. A mãe sempre soube de tudo e engoliu. Por que iria se preocupar com isso agora?

[19:34] Joana: E que história é essa de mundo pagar dívida?

[19:34] Lúcia: Como eu conheci esse imbecil? Na loja de nosso pai!

[19:35] Lúcia: Puta merda! Vocês não conseguem ligar as coisas?

[19:35] Beatriz: Não!

[19:35] Joana: Continuo sem entender...

[19:35] Lúcia: Talvez se aquele velho cretino não tivesse morrido de ataque cardíaco eú podia colocar o veneno no verme certo.

[19:36] Carla: Sempre a velha história. Mães coniventes mantendo o status quo de esposas adequadas. E os filhos que se fodam, mundo cão!

[19:36] Beatriz: Eu consigo entender que tu está louca e que a mãe deve estar mais louca ainda! Depois eu que sou a ovelha negra, a esquentadinha...

[19:36] Lúcia: Uma pausa. Tu ainda come uma caixa de chocolate toda a noite, Bia?

[19:36] Lúcia: Isso só pode estar te fazendo mal...

[19:36] Carla: VENENO! Alguém falou em veneno? VE-NE-NO!

[19:37] Beatriz: ha ha ha. não, eu trepo, querido.

[19:37] Lúcia: Claro, Carlinha... veneno

[19:37] Joana: Dizem que a gente escolhe homem á imagem do pai... é isso, Lú?

[19:37] Lúcia: Trepa? Com quem?

[19:37] Lúcia: A Joana pegou a questão.

[19:37] Beatriz: desde quando tu te interessa pela minha vida sexual?

[19:37] Carla: De que tipo, meu deus? Ri-do-rato? Mata-barata? Um bom jagunço desses que a gente importa alguém sabe de onde?

[19:37] Lúcia: Só que eu não aturo mais esse cara.

[19:38] Lúcia: Até o nome dele me dá nojo. Vocês acham que alguém decente pode se chamar Paulo?

[19:38] Joana: Acho que a Carla conhece alguns venenos...

[19:38] Lúcia: Paulo Scoth, ainda por cima?

[19:38] Joana: Será que resolve? hahahaha

[19:38] Carla: Trepar, trepar, trepar... eu quero mais é foder com ele... Isso agora é prazer. Quem me acompanha?

[19:39] Lúcia: Com o Paulo, Carlinha? Tu queres o meu marido?

[19:39] Carla: Sim. Foder com ele. Quero. Posso?

[19:39] Beatriz: vocês estão loucas...eu ainda não consegui entender prá que essa conversa, a essa hora da manhã...Lúcia, tu resolveu te separar do cretino, é isso?

[19:39] Joana: Tu é louca!

[19:39] Lúcia: Pois bem... taslvez seja uma boa idéia.

[19:40] Carla: Quando é mesmo, Lúcia, aquela noite, em que vais para o ensaio do grupo de teatro? ainda fazes?

[19:40] Lúcia: Nos quatro, meu marido... como nos velhos tempos, não é?

[19:40] Joana: Ou não!

[19:40] Lúcia: Teatro, Carla? Boa idéia. Podemos escrever essa peça antes de representá-la.

[19:41] Joana: SWó se for pra acabar com a raça dele!

[19:41] Carla: Vou aparecer por lá neste dia. Sei uns truques...

[19:41] Lúcia: A questão é que o Paulo se deu bem na vida.

[19:41] Joana: E...

[19:41] Lúcia: Começou na loja do pai e foi subindo.

[19:41] Lúcia: Tem muita, muita grana...

[19:41] Beatriz: Boa, Jo...E...?

[19:41] Carla: Meninas, vocês acham que eu ainda seduzo alguém como o Paulo filha da puta Scott?

[19:42] Joana: Tu fica com a grana, Lu

[19:42] Lúcia: Ou seja, tudo o que ele tem veio de nossa família.

[19:42] Carla: Só me diga, Lu. Você acga que o safado toparia alguma coisa comigo?

[19:42] Lúcia: Eu não quero me separar dele e sentir que ainda tem gente ganhando alguma coisa que é minha!

[19:43] Lúcia: É nossa. O que ele tem é nosso. Ele é nosso.

[19:43] Joana: À imagem do pai, lembram?

[19:43] Beatriz: tu não te casou com separação total de bens? te separa, fica com a grana, a Joana liga agora para o Dr. Anselmo, pede a papelada e nós vamos dormir...o que vocês acham?

[19:43] Joana: Ele topa com qualquer uma de nós!

[19:43] Carla: Heiiiii. Por favor, alguma de vocês, locas por dinheiro, pode me ouvir, só um cadinho?

[19:43] Lúcia: Ai, Biazinha, tancinha da Silva.

[19:43] Joana: Fala, Carlinha!

[19:43] Lúcia: As coisas que ele conseguiu com o trabalho com as lojas são dele, legalmente.

[19:44] Joana: Deixa a Carla falar!

[19:44] Carla: Depois vocês me dizem qual vai ser a parte que eu vou usar para sair pelo mundo. Agora eu preciso de uns dias a sós. Bia, qual o prato preferido do teu marido?

[19:44] Lúcia: Mas são nossas por direito. Fala Carla, querida.

[19:44] Beatriz: Alô? Oi, amor...sei lá, as loucas das minhas irmãs...sim, eu já to indo pra casa -- Querem resolver logo essa história, que eu só tenho mais quinze minutos?

[19:45] Lúcia: O Prato preferido dele sou Eu, meu bem.

[19:45] Lúcia: Vocês são muito devagar, mesmo.

[19:45] Beatriz: prato preferido? eu perdi alguma coisa? o que voces pretendem fazer?

[19:45] Carla: Amor, amor. A Lu se fu com este cretino e a gente fazendo olho branco todo dia... CHEGA!

[19:46] Lúcia: Vamos ao ponto. Marcamos um encontro com o Paulo.

[19:46] Joana: Tu não tá pensando em...

[19:46] Lúcia: Estou pensando sim

[19:46] Carla: Não, Lu, fala sério. Comida. O que ele mais gosta? Preciso saber disso para resolver este problema...

[19:46] Lúcia: Nós acabamos com ele... acabamos com o papaizinho... e vamos poder começar uma vida nova

[19:46] Joana: De novo, não, gurias!

[19:47] Joana: Te separa dele e pronto!

[19:47] Lúcia: Talvez eu até encontre um verdadeiro amor...

[19:47] Carla: Nada de marcar encontro. Precisa parecer casual. A Lu sai para o ensaio e eu apareço por lá... Vocês não sabem e não se envolvem com nada. NADA, entenderam? Nunca teremos tido este encontro, quando isso tudo se resolver.

[19:47] Beatriz: Ai, não...vocês me tiraram da cama prá começar de novo com essa história? A gente combinou que aquela seria a única...

[19:48] Joana: Vai ser mais uma sombra a nos atormentar...

[19:48] Lúcia: Bia... Vai dormir, meu amor. Desde o início eu sabia que esta história não era pra ti. A Carla e a Joana que insistiram.

[19:48] Joana: Não vale a pena!

[19:48] Carla: Somos cruéis porque o mundo quis assim... porque nunca nos trataram com amor... ai, que música übber-brega legal.

[19:49] Beatriz: Joana, tu vai deixar que essas loucas façam isso?

[19:49] Carla: Não há sombras. Nada de olhar para trás. Bia, vai dormir.

[19:49] Joana: O que tu quer que eu faça?

[19:49] Lúcia: Ok, darlings. Essa história não vai para lugar nenhum... vocês não sentem o mesmo que eu. Vejo isso agora.

[19:50] Carla: Joana, terás uma amnésia. Nunca mais lembrarás nada do passado. Depois daquele dinheiro todo...

[19:50] Beatriz: Sei lá! Tu é a irmã mais velha, toma alguma providência!

[19:50] Lúcia: Tutu marambá... Não venha mais cá. Que a mãe da criança te manda matar...

[19:50] Lúcia: Boa noite, minhas amadas.

[19:50] Joana: Lú, nós somos muito diferentes. A única coisa que sempre vai nos unir é tudo que já passamos

[19:51] Joana: Mas de novo, não!

[19:51] Carla: Mataaarrrr? Que palavra mais feia, querida. Tão feia para a boca da nossa caçulinha...

[19:51] Joana: Tu lembra de tudo que vivemos...

[19:51] Lúcia: Lembro talvez demais...

[19:51] Joana: Não vale a pena!

[19:52] Joana: Pensa...

[19:52] Lúcia: A apatia de vocês me convence de que a história que eu tenho na minha memória não é a mesma de vocês.

[19:52] Carla: Lu, preciso ir, agora. Me liga, falando da noite. Tomarei providências, querida.

[19:52] Lúcia: O que o Paluo tem a ver com tudo isso? NADA! Vocês tem razão.

[19:52] Joana: Chega disso!

[19:53] Joana: Tu não sofreu sozinha, tá!

[19:53] Beatriz: Não adianta Jo, a Lucia sempre foi uma mula de teimosa...colocou na cabeça, agora vai ser dificil...

[19:53] Lúcia: Talvez ele seja um bom marido... cuidem dele pra mim...

[19:53] Joana: Só não quero que a gente se arrisque de novo!

[19:53] Carla: Sim. Chega. Durmam, meninas, que o remorso é um velho decrépito que se esconde nos boeiros que nunca são limpos.

[19:54] Joana: Pois é, Carla. E onde vamos parar?

[19:54] Beatriz: Carla, tu tá louca prá entrar nessa historia, né?

[19:54] Lúcia: Bye, babies...

[19:55] Carla: Já estou nela, minha querida. Já estou. Agora, ninguém me convence do contrário. Todas sabemos demais das outras, não é mesmo? Não tentem me impedir.

[19:55] Joana: Tu não sai sem me dizer o que vai fazer, Lúcia!

[19:55] Beatriz: Perai, vocês vão embora? Vão realmente levar esse circo a diante?

[19:55] Carla: Ahn, vidro moído na comida? Quem falou nisso, alguma vez?

[19:55] Joana: Nossa história é uma só...

[19:55] Lúcia: Espero vocês às 23h, então.

[19:56] Joana: Pensem bem...

[19:56] Lúcia: Quem vem?

[19:56] Joana: E se não temos a mesma sorte dessa vez?

[19:56] Carla: Lu, não espera. Deixa as manas fora. Combinamos isso outra hora. Ou não...

[19:57] Joana: Ninguém fica de fora de nada!

[19:57] Beatriz: Putamerda...

[19:57] Carla: Pode ser, Jo. Já que és tão boa na cozinha, tu preparas o quitute. Eu tempero...

[19:58] Beatriz: Eu tenho um compromisso as onze e meia...vcs acham que em meia hora...?

[19:58] Joana: Eu sou contra isso!

[19:58] Lúcia: É engraçado. Tanto barulho por nada...

[19:58] Carla: Será uma noite memorável. Memorável, morrer aos poucos, como só aos melhores canalhas é permitido.

[19:58] Carla: Expurgar pecados... A dor é redentora...

[19:58] Joana: Não tem outro jeito?

[19:59] Carla: Não. Preciso ir. Práticas como somos, está resolvido.

[19:59] Lúcia: Sem dramas, gurias. Todo mundo morre. Até mais tarde.

[19:59] Joana: Só te separar não basta?

[19:59] Beatriz: chega, jo...nao adianta, nada muito simples basta!

[20:00] Joana: É isso mesmo que vocês querem?

[20:00] Carla: Até mais ver, srta. Lucia, a mais nova viúva da cidade. Ciao, bambinas.

[20:00] Beatriz: eu venho, mas as onze e vinte to saindo...até mais atrde

[20:00] Joana: Respondam todas!

[20:00] Joana: É isso?

[20:01] Lúcia: Sim!!! Tchau!

[20:01] Carla: SIIIMMMMM. É ISTO, JOANA. Venha conosco. Ou não venha e cale-se.

[20:01] Joana: Não precisa trazer veneno, Carla!

[20:02] Carla: Quem disse que levaria? Hein? Desde quando vidro moído é veneno?

[20:02] Joana: Não vamos gastar nosso tempo com isso...

[20:02] Joana: Nada que dê trabalho.