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De perto ninguém é normal
Publicado originalmente na edição 19 da Revista VOID, em outubro de 2006

Existem mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia. Muito séculos depois de Shakespeare ter escrito essa frase, o homem inventou o pós-modernismo, a globalização e a internet e você, certamente, pensou que nada mais seria capaz de surpreendê-lo. Mas a verdade é que você pensou errado, especialmente se estivermos falando sobre sexo.

Vamos fazer um teste: para atingir o orgasmo, você já pensou em enfiar uma centopéia na sua uretra, lamber os peitos de uma estátua, perfurar seu corpo com agulhas e cateteres ou atacar uma pessoa só para vê-la aterrorizada? Não? Pois tem muita gente que só consegue gozar dessa maneira. Essas pessoas sofrem de um distúrbio chamado parafilia. Visto no passado como doença, hoje em dia a psicologia já considera esse tipo de manifestação parte integrante da vida sexual de todo ser humano e, por isso, vem procurando dar um tratamento diferente às formas mais brandas desse comportamento.

PARA O QUÊ?

Parafilia é um padrão de comportamento no qual a fonte predominante de prazer não se encontra na relação sexual em si, mas em alguma outra atividade paralela. Na prática, isso abre espaço para dizer que qualquer atividade que tenha como finalidade o prazer sexual e não seja o tradicional papai-e-mamãe pode ser considerado parafilia. De fato, houve uma época em que práticas hoje consideradas normais como o sexo oral, a masturbação e o homossexualismo já foram consideradas parafilias. Atualmente, muitas teorias dentro da psicologia vêem as parafilias como algo normal e parte integrante da psique normal, menos nos casos em que podem causar danos (físicos ou psicológicos) ao sujeito ou para outros.

SERÁ QUE EU TENHO?

É muito difícil (pra não dizer impossível) conceituar uma "sexualidade normal", o que levou o médico inglês Havelock Ellis a dizer que "todas as pessoas não são como você, nem como seus amigos e vizinhos. Inclusive, seus amigos e vizinhos podem não ser tão semelhantes a você como você supõe". Desta forma, dá pra dizer que, sim, a maioria das pessoas tem, em maior ou menor grau, algum tipo de parafilia - sobretudo os homens, que são muito mais suscetíveis a desenvolvê-las do que as mulheres. Na verdade, o conceito é tão amplo que se você fica mais excitado ao ver uma revista de mulher pelada do que com a sua namorada, já dá pra dizer que você sofre de grafelagnia. E mais: se você apenas fantasia com alguma coisa, mas não pratica, você já é considerado parafílico.

QUESTÃO CULTURAL

A questão se torna ainda mais complicada quando se leva em conta as convenções sociais vigentes em determinada época ou sociedade. Para diversas tribos asiáticas e africanas, a necrofilia é vista como algo bastante comum, sendo, inclusive, considerada sagrada em alguns casos. Na Grécia Antiga, era muito difundida a prática da pederastia. Para os gregos não havia nada de mais no fato de um homem com mais de 30 anos transar com um menino de 14. Na sociedade ocidental, em muito por conta da influência da Igreja, se reconhece o sexo convencional como sendo heterossexual, monogâmico e para fins de procriação. Por isso, até os anos 60, qualquer atividade sexual que não envolvesse um homem e uma mulher, casados, na posição de papai-e-mamãe era considerada "perversa".

CONTROVÉRSIA

Por volta dos anos 80 ainda se usava o termo "perversão" para se referir a qualquer tipo de desvio sexual. Hoje em dia, este termo aparece apenas na esfera jurídica. A mudança de nomenclatura dentro da psicologia sinaliza uma tentativa de fazer uma melhor separação entre os muitos comportamentos a que o termo se refere. Ainda hoje, práticas completamente inócuas como o fetichismo ou o voyeurismo, e outras bastante agressivas como a pedofilia, pertencem à mesma classificação, porém já se admite algumas liberdades de interpretação. Enquanto alguns textos falam de diferentes graus de parafilia (leve, quando se expressa ocasionalmente, até severa, quando chega a níveis de compulsão), outros consideram que só existe parafilia quando a pessoa precisa do estímulo paralelo para atingir o orgasmo, não sendo capaz de obtê-lo em uma relação convencional. Também há quem reconheça a existência da parafilia apenas quando os anseios, fantasias ou comportamentos incomuns são recorrentes e intensos, e causam sofrimento ou interferem significativamente na vida social de uma pessoa.

DOENÇA

Tanto o DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais) quanto a CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) incluem as parafilias na sua lista de doenças, mas já existem movimentos contrários a esta classificação. O sexo é cada vez mais visto como uma fonte de prazer legítimo para homens e mulheres, além de não ter mais a procriação como único objetivo. Com base nisso, diversos estudiosos defendem a idéia de que estas listas precisam ser revistas e algumas práticas devem deixar de ser consideradas doenças.

O psicólogo e sexólogo norueguês Odd Reiersøl, por exemplo, é a favor da abolição dos diagnósticos de fetichismo, travestismo, sadismo e masoquismo. Ele diz que a sexualidade "desviante" sempre foi vista como imoral pela igreja e pelos leigos, mas que agora, “com a "medicalização da sociedade, imoralidade foi substituída por doença”. E mais: "inúmeras práticas sexuais foram rotuladas de desvios, o que significa doente no contexto diagnóstico". Segundo Reiersøl, estudos realizados entre os anos 70 e 80 demonstram que os sadomasoquistas são pessoas diferentes, muitas ocupando posição elevada na sociedade e com altos níveis de educação, mas que não há razão para crer que haja maior prevalência de psicoses ou desordens de personalidade entre eles do que na população em geral.

BDSM

Ainda que tenha pequenas variações em sua interpretação, esta sigla significa "Bondage, Dominação, Sadismo e Masoquismo" e envolve uma série de práticas relacionadas entre si. Por bondage podemos entender "restrição de movimentos". Pessoas que tenham partes do corpo presas por cordas ou algemas, amarradas a objetos, suspensas ou até mesmo "mumificadas" com látex ou fita adesiva estão nessa categoria. Dominação remete aos jogos de mestre e escravo, geralmente com cenas de humilhação. Sadomasoquismo é um termo mais conhecido, e está ligado a diversas formas de espancamento erótico, incluindo flagelação, chicotada, wax play (queimaduras com cera de vela) e o uso de vibradores. Todas essas práticas têm diversos níveis de intensidade, podem ser realizadas juntas ou separadas, e os papéis de dominador/dominado podem se inverter de acordo com a vontade dos participantes.

ARRANHANDO A SUPERFÍCIE

Claro que esta é apenas a ponta do iceberg, e há muito mais para quem se embrenha no assunto. Tem gente que gosta de uns tapinhas para apimentar a relação, mas também quem acha que toda a relação se baseia nos tapinhas. Além disso, há milhares de variações, condutas e práticas a serem descobertos, e centenas de subculturas que podem ser encaixadas embaixo desta sigla, como os aficcionados por couro e o self-bondage. A prática solitária do bondage é uma das principais causas de morte na comunidade BDSM. Estima-se que algo entre 500 e mil pessoas morram por ano nos Estados Unidos tentando atingir o orgasmo enquanto se asfixiam com cordas ou sacos de plástico. Não é incomum, ainda, que o BDSM se confunda com o fetichismo, sobretudo por conta do uso de materiais (principalmente couro e látex) e objetos (como chicotes, espartilhos e botas) específicos.

AQUI E NO MUNDO

Por conta de sua imensa popularidade (são mais de 30 milhões de páginas falando sobre o assunto segundo o Google), o BDSM já tem uma mitologia própria. A bandeira do "orgulho do couro", ou Leather Pride Flag, por exemplo, já é reconhecida como um símbolo da cultura. Sua prática é legalizada em países como o Japão, Alemanha, Holanda e toda a Escandinávia, além de ser profundamente difundida nos Estados Unidos. No Brasil, a cultura ainda engatinha. É muito difícil obter informações sobre o assunto em português, mesmo na internet. Apesar disso, uma busca na rede revela boas surpresas. No site da Associação BDSM Brasil (que na verdade é totalmente focado em podolatria - o fetiche por pés) há o anúncio do 1º Encontro Nacional da Podolatria, no dia 7 de outubro, no Rio de Janeiro. Mas a melhor fonte de informações sobre BDSM é o Desejo Secreto, que conta com um vasto material fotográfico, entrevistas, notícias, técnicas e um completíssimo dicionário de termos.

BDSM-RS

Se no Brasil a cultura ainda é muito pouco celebrada, o que dizer de um estado com tradições tão conservadoras como o Rio Grande do Sul? Por aqui, os fetichistas e adeptos do BDSM sofrem com a baixa qualidade dos artigos disponíveis em sex shops e a pouca oferta de praticantes que realmente entendam o que estão fazendo. "Realmente, aqui no estado as sex shops são muito chinelas", diz a Dominatrix da Bela Vista, uma das poucas em atividade em Porto Alegre. "Eu compro muito coisa via internet. Tem sites ótimos americanos e europeus". Parte de seus apetrechos também vem de São Paulo, através de amigos, e uns poucos artefatos de dominação ela manda confeccionar aqui mesmo, em sapatarias. Ainda que não exista uma grande oferta de acessórios nem muita informação no mercado, a procura pelos seus serviços é considerável. Seus clientes são homens de classe A e B, na faixa dos 25 a 40 anos "que pagam muito bem para levar uns bons tapas na cara, e até serem sodomizados com bolinhas tailandesas e um belo consolo". Ela, como boa dominatrix, não deixa de aproveitar a brincadeira: "O que mais me excita é quando pego homem casado, com aliança no dedo, que toma tapa na cara e mijada. Muitos me pedem pra tratá-los como putas. Tenho orgasmos homéricos depois disso".

APERITIVO

Apesar de tudo isso, segundo a Dominatrix da Bela Vista, o BDSM não é a parte principal da coisa, e sim um aquecimento, um diferencial para os seus clientes. Confiando que a sua parceira pensasse da mesma forma foi que o comerciante Catarino*, 25, se deu mal. Catarino conta que sempre curtiu a coisa mais como um aperitivo pra esquentar, ou seja: "Sou um adepto da linhagem soft, que não dispensa um bom entra-e-sai no final". Certa vez, Catarino acabou conhecendo uma partidária da versão mais pesada do BDSM, ou, em suas próprias palavras, "uma adepta hardcore afu". Enquanto ia sendo espancado muito além do que estava disposto a suportar, Catarino ia pensando "bem, pelo menos vai ter uma recompensa no final". Mas eis que a sessão de pancadaria terminou e Catarino ficou a ver navios. "Tomei uma bela tunda e ainda por cima não comi", lamenta, resignado.

DOR NÃO É O PRINCIPAL

Fetichista confesso e adepto das vertentes um pouco mais intensas do BDSM, Caio*, 28, não gosta de rótulos. "Pra mim é impossível me identificar num perfil, porque tudo depende do momento e da companhia", afirma. Caio diz que começou a praticar mais regularmente o BDSM aos 20, mas que o desejo já se manifestava desde os 7 anos de idade. "Com 15, já comprei espartilho pra minha primeira namorada", revela. Para Caio, o BDSM vai muito além da dor ou da angústia. "É muito mais a coisa de ampliar as possibilidades do que machucar alguém. Às vezes a dominação pode se dar com um olhar, com a expressão corporal. Tu não precisa bater em ninguém. O lance é fantasiar, não é só a porrada".

Dono de uma considerável coleção de apetrechos que incluem chicotes, algemas, coleiras e correntes, Caio diz que viveria tranqüilamente sem BDSM. "Se eu falar que dependo disso, vou ter jogado pela janela uma boa parte da minha vida sexual". Ele afirma também que "nem tudo que me excita eu preciso praticar na minha vida privada", revelando seu lado mais voyeur enquanto mostra uma fita de BDSM hardcore, onde os genitais nem sequer entram em cena: é só pancadaria, do começo ao fim. Mesmo assim, acredita que o seu melhor lado é justamente o dominador, "porque as opções são maiores", finaliza, enigmático.

TESÃO BUCÓLICO

Por ser um estado extremamente rural, o Rio Grande do Sul está coalhado de histórias de zoofilia. A clássica expressão "barranqueando a égua", por exemplo, encontra eco nas histórias de caserna de Leopoldo*, Segundo Sargento aposentado pelo Exército. Membro da cavalaria, Leopoldo lembra que, ali pelos anos 30, muito soldado perdia a cabeça pelas éguas mais bonitas do regimento. "Tu já viu a traseira de uma égua? No duro, não é muito diferente de uma mulher, não", diz, entre risos. E não tem o perigo do cara levar um coice? “Não, não. É só o cara socar lá dentro que ela se amolece toda”. Já o motorista Zezo* alerta para os perigos de se comer uma galinha de uma forma não-ortodoxa: "Imagina um esporão daquele cravando no saco?" Ele confessa ter perdido a virgindade para uma porquinha do seu sítio, "uma maravilha, bem apertadinha", mas reclama que, desde que cometeu o crime, não conseguiu mais se livrar da suína. "Ela me seguia por toda a parte." Zezo precisou recorrer à violência para encerrar a perseguição do animal. "Não agüentava mais aquele bicho atrás de mim, então carneei e dei pra minha mãe fazer toucinho".

VAI, CAVALO

Quem curte usar coleira e andar de quatro por aí latindo (ou miando) é adepto de uma prática chamada Human animal roleplay. Até aí, nada de muito estranho: ficar de quatro e imitar um animal submisso não parece assim tão absurdo. Mas uma nova modalidade que vem crescendo em número de adeptos (sobretudo nos Estados Unidos) propõe um tipo de diversão muito surreal. É o ponyplay. Nessa viagem, o indivíduo veste uns freios e arreios de cavalo, põe um rabo pendurado na bunda, relincha e caminha no TROTE, como todo bom eqüino. Tem uns que entram tão fundo na pilha que até puxam charrete. A cultura já é relativamente grande no exterior, e conta até com revistas especializadas, como a Equus Eroticus. Aqui no Brasil, apesar dos esforços de reportagem, ainda não conseguimos detectar nenhum praticante desta modalidade.

MEU URSINHO PIMPÃO

Pode parecer mentira, mas existe, mesmo, uma galera que curte um roça-roça do amor com o seu bichinho de pelúcia. O nome disso é plushofilia (plush = pelúcia em inglês). Até pouco tempo atrás, por falta de opção, os praticantes tinham de cavar buracos e adaptar consolos aos seus bichinhos, mas, graças a internet, agora elas podem comprar modelos perfeitamente adequados para as suas necessidades em sites como o The Erection Collection. Outra galera que curte uma pelúcia são os furries, pessoas que não apenas se vestem de bichos peludos, mas têm certeza de que essa é a sua aparência verdadeira. "É uma subcultura enorme, e por sua vez possui sua própria subcultura relativa a fetiches específicos", diz o tradutor Boris*, 24. Praticante há pouco mais de um ano, ele diz que sites como o FurSuitSex mudaram a sua vida. "Sonho em sodomizar o Tigre Tony", admite.

DA TERRA DO SOL NASCENTE

Historicamente, o Japão é um dos melhores países para se descobrir os últimos gritos da parafilia. Uma das subculturas que mais se desenvolve no momento chama-se zentai, provavelmente uma contração do termo zenshin taitsu, algo como "roupa de corpo inteiro". Seu uso surgiu na dança moderna, depois passou ao teatro e à meditação. Hoje, encontros e festas com pessoas vestidas em trajes zentai são bastante comuns nas principais cidades japonesas. Direto de Osaka, o estudante paulista Toshio*, 29, fala sobre a prática: "Funciona assim: as pessoas se vestem com roupas inteiriças de lycra/nylon, ultra justas, se lambuzam de gel e depois entram em piscinas vazias ou coisas do tipo e ficam deslizando umas contra as outras como vermes. É tão legal." Toshio diz já ter pensado em trazer o costume para o Rio Grande do Sul quando voltar, no ano que vem. "Eu me sentiria muito bem morando num lugar com uma cena zentai, é um forte indício de civilização", encerra.

LOONERS, NOT LOSERS

Se você achou que já tinha visto de tudo, conheça os looners. Essa parafilia é tão, mas tão pouco conhecida, que muitos psicólogos sequer ouviram falar dela. Trata-se da fixação sexual em balões. Todo o processo envolvido é fonte de prazer: encher, manipular, ver uma mulher nua interagindo com eles. Estourá-los nem sempre equivale ao êxtase: existem os POPPERS e os NON-POPPERS. No exterior já existe uma cena bem considerável de fotos e vídeos, além de festas temáticas que atraem centenas de pessoas. Na web, pode-se encontrar diversos fóruns de discussão, e até mesmo quatro comunidades no Orkut sobre o tema, em português. Eis um depoimento anônimo retirado de uma delas: "Pego os balões do alto e começo a abraçá-los. Aperto, faço carinho, esfrego sobre a minha calça ou bermuda por cima do meu pênis duro. A sensação é de ‘quase’ orgasmo! Nossa, é delicioso!"

ANGU BRABO

No campo da comida, tem gente que curte envolver um chantilly ou um moranguinho pra dar uma adocicada na brincadeira, mas tem gente que leva isso muito mais a sério. É o caso dos sploshers, uma rapaziada que só se excita quando vê o seu parceiro completamente lambuzado de comida - qualquer tipo de comida. Quanto mais lambuzado, melhor. "Um dia ainda vou tomar um banho de feijoada", confidencia o comerciante Catarino*. Quer saber mais? O site inglês Splosh é uma boa referência. Entre as parafilias envolvendo comida, ainda há os feeders. Para estes homens, não basta que suas mulheres sejam gordinhas: eles precisam engordá-las mais, até que fiquem tão grandes que não consigam se mover. Só então transam com elas. Muitos chegam a competir para ver quem consegue engordar mais sua parceira. É uma das práticas mais controversas do momento, já que seus praticantes são acusados de ultrapassarem a linha que separa a concessão do abuso.

NASTY STUFF

Alguém já disse que "vale tudo entre quatro paredes", então, prepare-se para tirar as crianças da sala: vai começar a parte nojenta da matéria. Dentro da gigantesca oferta de possibilidades da parafilia, existe espaço para as taras envolvendo excrementos, como o golden shower (sexo envolvendo urina), a coprofilia (fezes) e o "banho romano" (vômito). Mais popular na comunidade gay que entre os heteros, também existem os clisters ou enemas, cuja prática consiste em enfiar uma grande quantidade de água ou algum outro líquido no rabo do sujeito. No Japão, uma parafilia muito popular é a de cheirar, mastigar ou manipular roupas íntimas sujas e suadas ou absorventes femininos. Diversos sites vendem artigos que abastecem esse mercado. Mas a maior novidade entre as nojeiras sexuais (que também vem do Japão) chama-se bukkake. Inspirado numa prática medieval para castigar as mulheres infiéis, o bukkake é encenado com uma mulher ajoelhada e vários homens em pé se masturbando e gozando em seu rosto. A febre já atingiu Europa e Estados Unidos, terra do franchising American Bukkake.

TOTAL FREAK

Quando parecia que não tinha como ficar mais bizarro, eis que surge uma espécie de lista negra, com uma série de parafilias que vão fazer arrepios percorrerem o seu corpo. Fora as já mencionadas necrofilia (o sexo com cadáveres, cujos praticantes são tratados como psicóticos pela medicina) e a pedofilia (sexo com crianças), existem pessoas que necessitam de expedientes muito mais hediondos para atingir o prazer sexual. De acordo com a classificação do terapeuta sexual João Batista Pedrosa, há quem curta fantasiar que tem uma parte do seu corpo sendo amputada (apotemnofilia), quem prefira visualizar partos (maieusofilia) e quem goste de se vestir e comportar como um bebê (autonepiofolia). Também há quem se excite vendo a parceira chorar (dacrilagnia) ou quando ela possui uma doença terminal (nosofilia), e ainda os que fantasiem com a possibilidade de serem enterrados vivos (tafofilia). Mas nada bate os adeptos da sinforofilia, que buscam a sua excitação sexual ao incendiar apartamentos, hospitais e orfanatos.

PRA ENCERRAR

Se você leu tudo isso torcendo o nariz e chegou até aqui comemorando e dizendo "ainda bem que eu não me encaixei em nenhuma dessas bizarrices", bem, lamento lhe decepcionar. Se o seu negócio é estar em conformidade sexual com os padrões ditados pelos costumes, religião e autoridade legal, parabéns: você sofre de normofilia.

É, meu amigo: a parafilia é para todos.

*Os nomes nessa reportagem foram mudados para preservar a identidade dos entrevistados.

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