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Estrelas do mar
Série de colunas publicadas originalmente durante uma semana na Zero Hora, em fevereiro de 2010

FANTASMAGORIA (16/02)

Ao contrário de grande parte dos habitantes desta valorosa e BRAVIA terra que DORAVANTE me proponho a chamar de URUGUAY DO NORTE, nunca tive uma relação de muita proximidade com nossos gloriosos BALNEÁRIOS. Não dei BANDINHA de GURIZADA no CENTRINHO de Capão; jamais disputei as atenções de uma gata QUENTUCHA na CONCHA ACÚSTICA de Cidreira; nem curti um BAGONAITE pegadaço no (provavelmente) saudoso NUKANUA.

Em vez disso passei longos verões ENCERRADO no concreto escaldante de Porto Alegre ou EXILADO em recantos refrescantes (porém obscuros) da COSTA catarinense.

Não estou EXATAMENTE reclamando, perceba. Com isso desejo apenas demonstrar que meu conhecimento sobre o Litoral Norte Norte (Tramandaí pra cima) e Litoral Norte Sul (Tramandaí pra baixo) é praticamente NULO. Ou seja: pra mim, aqui, (quase) TUDO é novidade. Aos meus olhos, a ORLA GUASCA se revela como território (quase) virgem, uma paisagem INÓSPITA que clama pela descoberta, pela exploração.

Aproveito a mudança de parágrafo para ressaltar a função utilitária dos QUASE aplicados entre parênteses nas sentenças anteriores: não é correto afirmar que JAMAIS pisei este chão. É verdade que o pisei POUCO, e só mesmo depois de MARMANJO, mas o fato é que já estive aqui. Com os Porto Bratkowski, passei meu primeiro VERANEIO em OÁSIS em 1997, logo depois de ser aprovado no vestibular. Muito embora tenha sido uma temporada DEVERAS reveladora, só posso afirmar que realmente COMPREENDI o poder da conexão entre o gaúcho e o seu litoral depois de ter sido apresentado a uma de suas FACETAS menos badaladas: a PRAINHA no inverno.

Era a família dum camarada da faculdade, o Zani, quem tinha uma casa de BANDA na praia do Imbé (nota: adoro falar “O Imbé”). Durante o verão ficava cheio de PARENTÊSCOLI (eram italianos), mas no grosso do inverno ninguém da VELHA GUARDA queria ir pra lá. Os mais novos, sim. Longe dos pais – e do PARENTÊSCOLI em geral – havia muito mais espaço para exercer uma liberdade recém adquirida que, por algum motivo sempre funciona muito melhor quando EXACERBADA em grupo.

Foi por isso que um fim-de-semana qualquer de maio ou junho, enfiamos duas DÚZIAS de amigos em uns três ou quatro carros (a amizade supera a física) e partimos em COMBOIO em direção ao Imbé – muito embora eu então o chamasse de TRAMANDAÍ, porque: a) O Imbé fica, mesmo, meio perto de Tramandaí; b) na beira da praia, às quatro da manhã, gritar TRAMANDAÍ pras estrelas é uma experiência muito mais inesquecível do que gritar IMBÉ (não pergunte).

Além de palco pra muita ESTRIPULIA da pesada, no deserto promovido pelos meses de vento e frio, Imbé me apareceu pela primeira vez envolta em cores SINISTRAS, reservando pouquíssimos atrativos além do PITORESCO para uma horda de MENINOTES e RAPARIGAS na flor da idade. Por conta disso experimentamos pizza de BATATA-PALHA e MONSTRO num lugar chamado Eloá (houve breve discussão sobre o fato de Eloá ser ou não mulher do elefante, com derrota irreversível para todos os que defendiam esse ponto de vista) e CUNHAMOS o slogan mais subestimado da história para um estabelecimento batizado de Good Burger: “não tem dono”.

De volta ao mesmo Imbé quase dez anos depois, não fui capaz de reconhecer nem Eloá nem Good Burger na SILHUETA urbana. Não encontrei, tampouco, a casa da Família Zani. Porém a chuva forte que despencou a manhã toda conferiu à cidade aquela mesma FANTASMAGORIA macia de inverno, não me deixando outra opção que não gritar TRAMANDAÍ a plenos pulmões – e em nome dos velhos tempos.

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TOMARA QUE NÃO CHOVESSE (17/02)

A frase que dá título a essa coluna contém um FORTE erro de concordância gramatical (isso pra não falar de todo desrespeito à lógica, ÉTICA e estilo), porém optarei por ignorá-lo completamente, em parte porque não disponho de espaço suficiente para ESMIUÇÁ-LO satisfatoriamente; em parte porque isso ANIQUILIARIA toda a POESIA da coisa.

Mas já que eu trouxe o assunto À BAILA, poucas coisas são mais poéticas do que a CHUVA, não é mesmo? E fato incontestável é que chove TORRENCIALMENTE desde que cheguei ao Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Aliás, MINTO: chove desde que botei meus pés dentro do carro que veio me APANHAR na manhã desta segunda-feira. Na verdade, chove desde ainda ANTES, talvez algo como 420 minutos antes do início da JORNADA que me trouxe até aqui, mas enfim: quem está contando?

Serei sincero: não acho nada SALUTAR esse hábito de atribuir mudanças climáticas a eventos obviamente arbitrários, sobretudo quando eles envolvem um desequilíbrio na FORTUNA do VIVENTE que deles participa. É aquele velho papo do “foi SÓ eu decidir ir à praia que resolveu chover”. Não, não foi por ISSO que resolveu chover. Não existe a mais REMOTA conexão entre os dois acontecimentos. Desista de se PENITENCIAR. Ninguém é tão importante assim – e nem precisa de todo esse peso CASTIGANDO as PALETAS.

Sendo fiel às minhas CRENÇAS (mesmo que tenham sido adotadas há menos de 45 minutos), não estou atribuindo, portanto, o fenômeno da VOLUMOSA precipitação à minha presença FÍSICA no litoral. Seria uma enorme perda de tempo. Em lugar disso, prefiro tirar proveito da CLEMÊNCIA que o SOLAÇO resolveu oferecer para REFLETIR profundamente sobre as impressões que colhi de uma breve investigação acerca do comportamento do veranista GAUDÉRIO nos dias de chuva.

Em pouco mais de duas horas de PESQUISA, o que pude constatar foi o seguinte:

1) A julgar pela quantidade de gente jogando seu PIFE maroto, sua BIRIBINHA honesta, seu TRUCO nervoso ou aquela CANASTRA esperta, são os dias de chuva no litoral gaúcho que garantem, ano a ano, a sobrevivência da INDÚSTRIA BARALHEIRA no território nacional;

2) Ninguém foi avistado disputando campeonatos ou sequer PARTIDAS de botão, ludo, gude, gamão, resta um ou PEGA-VARETA (há controvérsias), o que serve para corroborar as teorias MAQUIABÓLICAS que apontam intensa crise no setor de brinquedos;

3) Contrariando as expectativas, muito pouca gente decide deixar a beira da praia só porque começou a cair o MAIOR TORÓ DA PARÓQUIA. A maioria segue metendo sem medo sua cervejinha, BOMBANDO forte aquele mate, mascando alegre seu bom milho-de-praia. Essa reação possivelmente tem algo a ver com a constatação de que guarda-sóis, em geral, também apresentam excelentes resultados quando precisam desempenhar o papel de guarda-chuva;

4) Há quem aprecie ENGAJAR-SE num descontraído jogo de VÔLEI enquanto cai uma bomba d’água. Outros escolhem brincar de OFURÔ, colocando a CARCAÇA véia pra MARINAR no morninho que o oceano costuma proporcionar durante uma tempestade;

5) E sempre tem aquela GALËRE mais CHIQUE que transfere a assinatura da TV A CABO pro litoral durante as férias e quer mais é ficar entocada em casa, curtindo um PAY PER VIEW do Big Brother enquanto todo mundo se molha ÀS GANHA lá fora.

Por cima, acho que é MAIS OU MENOS isso. Alguém teria alguma outra coisa a acrescentar?

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QUEM MORRER PRIMEIRO PERDE (18/02)

Aprendi, em aventura protagonizada pelo LOUCO num gibi da TURMA DA MÔNICA, que a palavra TÁCITA, quando entra em cena, é porque alguma coisa é TÃO escandalosamente ÓBVIA que nem é preciso VERBALIZÁ-LA para que seja entendida. Um ACORDO tácito, por exemplo, é um CONTRATO silencioso y subentendido, mais ou menos como essa LEI que DETERMINA que todo e qualquer balneário da ORLA deva possuir, obrigatoriamente, pelo menos um FLIPERAMA (de pequeno a médio porte) na sua ÁREA de LAZER.

Por menos BALIZADO que fosse meu conhecimento acerca do litoral gaúcho, ISSO sobre praia eu sabia: sempre tem um FLIPER no CENTRINHO. Já gastei muito DEDO (e dinheiro dos meus pais) comprando FICHA (durante anos foram PERIGOSAMENTE similares às de ORELHÃO em peso e forma; depois reduziram drasticamente suas dimensões) em toda a costa CATARINA. Encontrar um fliperama nessa INCURSÃO pela COSTA GUASCA era, pra mim, mais que CERTEZA.

Não posso dizer, entretanto, que fiquei exatamente SURPRESO quando ouvi de variados ex-freqüentadores e habitués de nossa RIVIERA que este tipo de estabelecimento havia simplesmente DESAPARECIDO; mas posso dizer que fiquei TRISTE. Ou que me converti MACAMBÚZIO. Ou, ainda, que fiz a SORUMBÁTICA. Enfim: aquilo que lhes parecer MELHOR.

Entenda, claro, que esta é uma reação MUITO particular e NOSTALGISTA de alguém que SOFREU de puberdade E adolescência nos anos 90, uma época em que os jogos de FLIPER ainda conseguiam SUPERAR os de videogame. Mais que isso: durante meu DOCE exílio catarinense, os fliperamas sempre representaram uma espécie de PONTO de equilíbrio, uma válvula de ESCAPE para a rebeldia incipiente. Quer dizer, onde mais seria possível ESMURRAR membros de gangue com um bastão de baseball, meter uma BALA NERVOSA pra cima da COLETIVIDADE ou GUINDAR uma MUQUETA num lutador profissional sem ter que sair DANDO O PIRELLI numa velocidade impressionante pra não MORRER imediatamente na seqüência?

Outro atrativo bem mais INOCENTE era a cultura de LIVRE INTERPRETAÇÃO que se criava em torno dos TÍTULOS mais famosos. Nunca vou esquecer do gordinho sardento de cabelo CRESPO, olhos CLAROS e uma camada GROTESCA de bloqueador solar muito visível sobre as MAÇÃS DO ROSTO perguntando “como é que faz ALEX FU?” em alusão a um golpe chamado SONIC BOOM, executado pelo GUILE – um dos melhores personagens do clássico imortal STREET FIGHTER II. Lembro que a MALOQUEIRADA também confundia YOGA FIRE com BUGA FIRE e chamava DHALSIN de MACUMBA – esta última sem NENHUM sentido.

Amigo, vou te contar: não foi NADA fácil, mas depois de muita PERSISTÊNCIA eis que consegui descobrir aquele que periga ser o ÚLTIMO fliperama em atividade no Litoral Norte Norte do Rio Grande do Sul. Localizado num PREDIÃO azulado que se convencionou chamar de CENTRINHO de Atlântida, o FLIPERAMA CREPE é o destemido BASTIÃO de resistência do ARCADE em meio a um mundo tomado por LAN HOUSES e leitores de BLU-RAY. Dispõe de boa variedade de máquinas, todas com idades entre os 12 e os 17 anos – só UISCÃO digital.

Destaque para as LUTINHAS Samurai Shodown, Marvel vs. Capcom e Street Fighter Zero 2, a CORRIDINHA Cruis’n USA e o TIROTEIO Metal Slug. Atenção também para os CINZEIROS esculpidos sobre o painel de controle de todas as máquinas e (por que não?) para o CREPE que – segundo relatos – é simplesmente FORMIDÁVEL.

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PARENTES DISTANTES, LUGARES ESTRANHOS (19/02)

Nunca soube direito como chamar o SUJEITO que casou com a minha PRIMA (tio?), então a ele sempre me referi como CARLOS – ou, mais eventualmente, por conta das suas VANTAJOSAS dimensões, CARLÃO. Sei que um belo dia CARLÃO me convidou pra passar um fim-de-semana em PINHAL. Quando eu vi, a gente tinha CAMINHADO até CIDREIRA pela beira da praia. Voltamos de DINDINHO.

Como a faixa ARENOSA não pareceu mudar NADA em mais de duas horas de PERNADA, a RECORDAÇÃO desse EPISÓDIO sempre me traz de volta uma mesma DÚVIDA: como ele soube quando TROCAMOS de balneário? Note que a AVENIDA principal de praticamente TODAS as praias do Litoral Norte compartilha o MESMO nome: PARAGUASSU. Seria isso uma alusão ao fato de que a praia que começa LÃ no QUINTÃO e vai até TORRES seja, essencialmente, a MESMA? Se eu NÃO tivesse decidido RUMAR na direção SUL aquela tarde, talvez seguisse pensando a MESMA coisa. Mas acontece que RUMEI.

Até as cercanias do Imbé (sigo gostando de falar “o Imbé”), a teoria ainda parecia fazer ALGUM sentido, mas no que CRUZEI a ponte de TRAMANDA a paisagem começou a mudar, de forma BRUSCA e pronunciada. Letreiros de estabelecimentos à beira da estrada: Quiosque do FEIO, restaurante BARÁ-TO, Churrasco NA BRASA (onde mais?). Eu tinha entrado em uma OUTRA dimensão. Litoral Norte AUSTRAL state of mind.

O desenho das VIAS apresentava peculiaridades (árvores plantadas no canteiro central, grama GRAÚDA, maior PROFUSÃO de paralelepípedos), mas nem ORLA nem MALHA URBANA sofriam de mudanças muito EVIDENTES. Dali a pouco, à minha CANHOTA, surgiram as DUNAS de NAZARÉ. Em seguida, o MÍTICO centrinho de Cidreira e suas estatuetas de CAMARÃO (talvez LAGOSTIM) fantasiadas de PROFISSIONAL pela cidade. Em Pinhal, para meu CHOQUE, usa-se recurso semelhante, porém com ABELHAS no lugar do simpático CRUSTÁCEO. Há algumas em formato de ORELHÃO.

A coisa fica AINDA mais SÉRIA mais pra baixo. Pouco depois de MAGISTÉRIO – terra da LANCHERIA FETICHE e do assombroso MOCOCHURRA – finalmente chega-se ao balneário do QUINTÃO, praia mais ao SUL do Litoral Norte, "Paraíso dos pescadores e Eldorado dos homens de larga visão comercial”. Aqui, diz a placa, estamos a ZERO km de distância da FELICIDADE. Sou obrigado a concordar: único lugar até hoje em que vi ônibus de turismo com placa de TRAVESSEIRO/RS.

Sobre a PRAIA em si: sendo bem SINCERO, não é TÃO diferente do RESTO, exceto por DOIS detalhes: 1) a VENTORRÉIA, que explica a ausência completa de guarda-sóis; 2) o oceano CHOCOLÁTICO (espuma completamente MARROM), em contraste com o tom cinza BERMUDA DE BRIGADIANO do mar de Capão da Canoa.

ADVERTÊNCIAS sobre o Litoral Norte Sul: há LIXO em quantidade HOSPITALAR acumulado pelas ruas; ruínas e destroços PÓS-CHERNOBYL em quase todas as praias; e houve (no mínimo) DOIS assaltos a mercadinhos nas menos de QUATRO horas em que estive por lá (inserir barulho de SIRENE). Mesmo assim, a PICAPE AMARELA que desfilou aquela noite pelo centrinho de Capão com uma tela de LCD de 80 polegadas e 50 MIL WATTS de potência APORRINHANDO muito os PACOVÁ de toda boa gente consegue ser umas 70 mil vezes mais BAGACEIRA do que tudo isso junto. Fica a dica.

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CONTRA-PLONGÈE (20/02)

Fato pouquíssimo divulgado da minha personalidade é que NUTRO grande APREÇO pela SIMETRIA em todas as suas manifestações e formatos. Assim, depois de haver viajado até o EXTREMO SUL do Litoral Norte, eu me sentia FISICAMENTE impelido a fazer o MESMO percurso na direção CONTRÁRIA (nenhum sentido), no intuito de EMPRESTAR uma sensação (claramente falsa) de que, em minha JORNADA, eu havia coberto TODA a COSTA.

Além dos vôos tripulados em BALÕES, das FALÉSIAS monumentais e dos relatos entusiasmados sobre como lá é tão diferente do resto, tudo que eu sabia sobre TORRES vinha de duas ocasiões separadas: a) um TORRÃO (cânfora eterna) que tomei, em GURI, num FINDI em que meus pais resolveram visitar uns tios na Praia dos MOLHES; b) um trago de CHOCONHAQUE, 15 anos depois, olhando pras dunas cabeludas da frente da Ilha dos Lobos no DECK do finado MALUA, inferninho que ESTRONDOU uns quatro verões atrás sob a BATUTA do imortal Fernando Calderan (Cidreira na ALMA e no CORAÇÃO).

Sofri de muito déjà-vu SINGRANDO a estrada que liga Capão a Torres. Os guard-rails e os pinheiros recém-plantados VOLTEMEIA dão à VIA uma cara de FREEWAY que vou te contar. O problema é que os pinheiros, muito PECORRUHOS, não SEGURAM totalmente o BALANÇO, e de tempos em tempos nego acaba tendo que encarar o RELEVO (brinks) característico do nosso litoral: planície MORTAL estilo SAVANA meets TUNDRA. Tem que ser FORTE.

Torres é aquilo que todo mundo já sabe: DIFERENTE. Aqui, pela primeira vez, vê-se ACIDENTES GEOGRÁFICOS. A Praia da Guarita, com seus PEDREGULHOS imponentes e CASTELHANOS estilosos, é a nossa KOH SAMUI. Na área central da METRÓPOLE, o BOLA BURGUER oferece TÍMIDO porém REVOLUCIONÁRIO cardápio de CHEESE DOCES (sic), com receitas que levam chocolate preto e branco com MUMU e MUÇARELA (grafia aceita: check the Aurélio).

Uma coisa que NEM todo mundo já sabe, por outro lado, é que um pouco ANTES de chegar na TORREIRA, já bem adiante de Arroio do Sal (TRIVIA: possui OITO praias chamadas RONDINHA em sua costa), existe um balneário bem ESCAMOTEADINHO ao qual coube a discreta HONRA de ser chamado de PARAÍSO. Resolvi INVESTIGAR.

Numa breve RESENHA, cito como pontos POSITIVOS a baixa DENSIDADE demográfica (não é qualquer um que pode entrar no Paraíso) e a satisfatória ocorrência de desfiles de ANJAS (pior palavra, mas não quis perder a CANASTRICE). Outra vantagem é a AURA de paz e tranqüilidade que IMPERA no lugar, reforçada em pequenas interações que se experimenta com os LOCAIS. A parte ruim é que o COMBO faixa de areia + oceano em POUCO ou NADA difere de todo o resto – ou pelo menos não o suficiente para que uma viagem tão longa valha a pena.

Dizem que o CONCEITO de paraíso é algo tão SUBJETIVO que o que é paraíso pra MIM pode vir a ser o INFERNO pra ti. Fontes confiáveis me disseram que, à beira da praia, Paraíso é exatamente igual a Arroio do Sal. Outras afirmaram com VEEMÊNCIA que o verdadeiro paraíso do Litoral Norte fica numa pequena faixa de areia entre a Plataforma de Atlântida e o BAI HAI.

Mas isso eu não sei.

Só sei que deve ser um INFERNO o cara ligar todo EMPOLGADO pro TELE-PRIMAS de Capão da Canoa só pra descobrir que não passava de uma PIZZARIA.

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BALANÇO FATAL (21/02)

Pois é, rapaziada: foi divertido escrever aqui (sabor gostoso), mas pra mim o veraneio chega hoje ao seu FIM. Antes de BATER a areia da CUECA e pegar a estrada de volta à vida URBANA que levo com Petite (um tipo de GATA) e Sol (outro tipo), pretendo FECHAR este curioso CICLO de ANEDOTAS distribuindo uns PETELECOS aleatórios sobre os tópicos mais FERVILHANTES da temporada. Senão vejamos:

DESTAQUE DA TEMPORADA: Será muito difícil (neste ou em QUALQUER veraneio) superar as FRUTEIRAS à beira da Estrada do Mar (trecho: Imbé-Capão) que negociam ARTEFATOS DE CONCRETO. Gnomos e anões de jardim GUARNECIDOS por Brancas de Neve e Príncipes Encantados, cavalos pintados com as INSÍGNIAS da dupla GRENAL, águias e cobras do tamanho de uma CRIANÇA média e GIRAFAS e CRISTOS REDENTORES de metro e OITENTA ajudam a elevar o artesanato MOLEQUE e displicente do litoral ao patamar de INTERVENÇÃO ARTÍSTICA. Bienal neles!

MENÇÃO HONROSA DESTAQUE DA TEMPORADA: Não conheço outro lugar do PLANETA em que seja possível ouvir seqüência tão LETAL numa emissora FM quanto “Bomba”, dos Braga Boys; “Pimpolho” do Art Popular e “Come Undone”, do Duran Duran. Se alguém conhece, favor apresentar. Já houve Las locas noches del verano na minha vida, muito embora meu ÚNICO banho de espuma no IBIZA tenha DISSOLVIDO a foto da minha identidade em 96.

JARDIM DO ÉDEN x PARAÍSO: Cristo de CARNE não aprovaria nem a praia MERIDIONAL nem a SETENTRIONAL como moradia ETERNA – porém o de ARGAMASSA foi avistado em UMA delas (mistério).

TENDÊNCIA MODA PRAIA: O clima VULCÂNICO dos últimos meses obrigou muito CABELUDO a REPENSAR profundamente a existência e APELAR para construções capilares mais OUSADAS no intuito de combater o HORROR TÉRMICO que imperou na estação. O resultado mais notável foi a consolidação do penteado conhecido como O COQUE MASCULINO, que ganhou destaque à beira-mar e na cidade nos modelos “samurai”, “colinha”, “apenado” “morruga”, “maçaroca” e BOLOTA DREAD.

SUGESTÕES DE TEMAS INEXPLORADOS: Plataformas de pesca (há pelo menos três, em Atlântida, Tramandaí e Cidreira); praia à noite; esqui-bunda nas DUNAS; OSCILAÇÃO no preço da TAINHA de acordo com estabelecimento em que é vendida; Nordestão & BIG CHOCOLATE; o AXIOMA do mate à beira-mar; modelos ALTERNATIVOS de skate (vi com PNEUS DENTADOS e de apenas DUAS rodas); descobrir se há ALBATROZES na praia de Albatroz e se existe mesmo um balneário chamado BISMAR BORGES entre Terra de Areia e Arroio do Sal.

MURAL DO TROCADILHO DISPERDIÇADO: IMBÉVERLY HILLS seria bom se O Imbé fosse, de fato, o destino preferido dos GRÃ-FINOS no nosso litoral. CAPÃO DA QUINOA teria algum valor caso NATUREBAS fossem maioria no balneário. CAZAQUINTÃO, por outro lado, até que funciona direitinho comparando a praia mais AUSTRAL do Litoral Norte à ARRUINADA república soviética – mas por algum motivo CAVAQUISTÃO (ou “a república do samba enredo”) me parece uma SOLUÇÃO bem melhor para um JOGO com essas palavras. Outra que eu inventei esses dias nessa mesma linha foi SUVAQUISTÃO. Também gostaria muito de ter PODIDO usar de alguma forma CANELÍCEPS – um nome alternativo praquele MUSCULINHO comprido que se localiza na no PEITO DA PERNA do cidadão.

MORAL DA HISTÓRIA: nem SEMPRE se pode ter TUDO.

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