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Cheia da Graça de Deus
Publicado originalmente na Revista Aplauso, em março de 2005

IRROMPE o OCASO e novamente me aperta a CAIXA este músculo que insiste em ESTREMECER por TI, por TOIS e MOI, se me permite o GALICISMO. Há distâncias, não muitas, mas há. Tudo quanto eu conto eu quero e tudo que eu quero é estar mais perto, mais junto, mais vezes. Sempre. Ajeito muito do meu peso no CONFORTO enquanto penso no que faço para que menos ESPAÇOS nos DIFIRAM, para que muito mais gotas de chuva te MOLHEM e te premiem a pele com o perfume que mais ninguém sente senão EU. Respiro a doçura das memórias em busca dessa FRAGRÂNCIA de que me lembro. Era o primeiro dia.

VARRE e encharca o rosto um sorriso só de canto enquanto ao longe te recrio nos meus EXILOSOS momentos. Respingo os pingos sobre os dedos e, sobretudo, me PROTEJO dos contra-golpes que os maus costumes insistem em me APLICAR. Mas nem sempre. É fato que me APLACA às vezes um grande MEDO, um pavor, um PÂNICO até. Meu terror me esconde tanto que tem QUANDO que nem me ENXERGO, me sumo, me ZERO. Porém é CLARO que me recupero. Estando aceso nos teus olhos não há frio nem TOSSE que me consuma: e se houver ESPERO. Que passe.

ARDO plácido tuas chamas que me DOURAM os domínios. As limitações e os raciocínios mais LÓGICOS se incendeiam em FASCÍNIO enquanto me ACOMETE este estranho COMETA que me BEBE em LARGOS goles a cada vez que me ATINGE. Se pensas que TINGES meus lábios de cores IMBERBES, acertas: estou teu. Mais: SOU teu e percebo que quero assim permanecer. Quero assim também existir e persistir enquanto não se FENECE aquilo que se ESQUECE depois que o sangue SECA. E o que vem depois nem mais me importa: estou MORTO, estás MORTA. Encerra-se a LIDA.

NULIFICO os olhares ALHEIOS e me permito PROIBIR os ENCANTOS a quaisquer exageros que me TENTAM neste ENQUANTO te tenho. CELEBRO o momento. Que nos DURE a nós dois toda vida, que aumente os minutos insones e INFECTE com FORÇA e FÚRIA esta FEBRE bem-vinda, MAZELA rara, preciosa e LINDA. Seja a última PROVIDÊNCIA dos que vivem lá em CIMA conceder-me esta DANÇA. Nunca mais perturbo os DEUSES com meu PRANTO, nunca mais descubro as COSTAS do meu MANTO, enquanto a mim for fornecido este ACALENTO, enquanto a nós for destinado este ENCANTO.

Aqui me EXPONHO em teus braços, nos teus jeitos e por teus feitos. Eu sou feliz e ESBANJO letras pra dizer que SIM, eu te PRECISO, eu te PREZO, quero e AMO. Por ti me passam todos GESTOS, por ti descruzo os poucos RAMOS, por ti LUTO com HEFESTUS, te pego à força ou digo VAMOS. Se me CHOVE inteiro o mundo ou durante ELE o sol me AQUECE, tudo que por ti eu sinto a cada novo dia CRESCE. Novamente e para sempre, o que me RESTA na lista das coisas que chamo de FESTA me RASGA outro extenso brilho nos dentes que se ABREM na cara: sou TEU, é o que PREGO. Sou TEU.

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